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Na última semana, aconteceu em Varjota, a quarta edição da Mostra Letras e Livros, na cidade de Varjota, que se fortalece como um evento contínuo e se junta a um circuito de outros eventos que vem acontecendo no interior do Ceará ao longo dos últimos anos, movimentando toda a cadeia do livro, leitura e literatura presente no e do interior do estado.
Historicamente, este setor cultural e econômico centralizou-se nos grandes centros urbanos, já que nestes, por motivos vários, estão os principais equipamentos e espaços do pensar, como Universidades, Bibliotecas, Livrarias, Imprensa, o setor de produção como gráficas e editoras, além dos eventos, que ao longo deste século, encontraram uma nova significância de ser.
Com descentralização de saberes e meios de produção, provocado principalmente pela internet e interiorização do ensino, tal cenário segue em gradual transformação nos sertões. Nas últimas duas décadas, é visível mudanças nas cidades interioranas, com o aumento das possibilidades econômicas de permanência, muitas antes inviáveis, e principalmente do pensar do lugar estando nele, por artistas, pesquisadores, professores. Tal permanência promove produção de conhecimento que se cristaliza em escrita, logo, em publicações, e em um efeito cascata, suscita a necessidade de mais editoras para comportar trabalhos, e mais de espaços de difusão e comercialização.
Diante da escassez desses espaços, principalmente livrarias, no interior, os eventos literários se potencializam em importância, cobrindo parcialmente esta lacuna, sendo um dos poucos momentos para exposição, debate e comercialização das produções, principalmente, de autores e editoras independentes, que dependem do encontro para apresentarem e difundirem seus trabalhos.
Dessa forma, os eventos literários, hoje, para além de toda a perspectiva cultural e social que possuem de forma inerente, se tornam fundamentais, economicamente, para a circulação orgânica de uma cadeia de profissionais, a comportar escritores, editores, ilustradores, mediadores, produtores culturais, livreiros, e leitores sedentos pelo encontro do livro, que nos últimos anos despontou nos interiores, em um caminho sem volta.
