____________________________________________________________________
Muito falo de uma pesquisa genealógica que iniciei entre 2014 e 2015 como mote inicial para a escrita de À CIDADE. Muita coisa escrevi à época sobre o tema, embora nunca tenha publicado.
Diante da ausência de espaços propícios para difundir tais escritos, e considerar relevantes algumas descobertas dessa pesquisa que segue até hoje, aqui publico um primeiro texto a conversar sobre um de meus galhos genealógicos e de tantos dos sertões do noroeste cearense, os Furtados da Cabaceira
_
O ano era 2005, meu avô Miguel Furtado de Medeiros e meu bisavô José Furtado de Medeiros junto às suas famílias, deixam depois de cinco e seis gerações, respectivamente, a localidade de Cabaceira, à margem direita do Riacho Juré, mudando-se para a sede da cidade de Reriutaba.
Em Cabaceira, vivi inúmeros finais de semana brincando com primos quando da visita de minha mãe aos pais e avós. Daquela data, só retornaria ali em 2015, quando por conta de um concurso público, sou escalado para trabalhar justamente na região que minha mãe nasceu.
Foi um choque bonito chegar no Serrote (da Cabaceira) e avistar toda a baixa do Juré, onde quando criança, no inverno, esperava ansioso para mergulhar no riacho, e correr por baixo do manguezal sem fim. Foi um retorno a um pedaço de mim que estava guardado. Desse sentimento e da vivência com a população ao longo de quase 2 anos, vieram muitas provocações, e logo mais, muitas perguntas sobre uma história que eu não sabia por que. Muito menos contar. Fui estudar genealogia pela primeira vez, ainda de uma forma incipiente, e dessa pesquisa, encontro tantos motivos que acabaram por desaguar em alguns escritos poéticos, o principal deles o poema-livro À CIDADE
“[…]
era o motivo
quando mais menino ainda
pra correr em meio a baixa do juré
no manguezal de vovô miguel
o motivo
pra gente ir a galope de burrinho
de cabaceira à reriutaba
[…]”
Furtado, Mailson. à cidade.
Ed do Autor, 2017.
Essa primeira reunião de saberes, de 2015, em sua quase totalidade, faz-se de dados advindos da oralidade junto a parentes de Varjota e Reriutaba, e muitas das provocações ali surgidas ficam latentes até este ano de 2022, quando conheço os arquivos catalogados pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias no site Family Search (https://www.familysearch.org) de livros paroquiais e cartoriais de todo o mundo. Daí consigo acesso a diversos registros de batismo, casamento e óbitos de antepassados, que ao serem relacionados, foram possíveis para explicar inúmeras brechas do quebra-cabeça que buscava responder.
Junto a esses documentos uni um compilado de leituras genealógicas da região da Ribeira do Acaraú e Ibiapaba, aliando teses, dissertações, artigos, monografias, livros de ficção e não-ficção, além claro, da infinita pesquisa oral, e eis esta cronologia, que rasura a biografia de tantos(as). Surge, assim, uma primeira tentativa de escrita da genealogia de um dos troncos de minha família, a dos Furtados, mais especificamente, ditos os Furtados da Cabaceira, importantes na construção dos sertões entre Sobral, Santa Quitéria e a Ibiapaba.
OS FURTADOS DA CABACEIRA – A GENEALOGIA
Século XVIII
Os primeiros registros do início do desbravamento e povoamento da região do sopé da Ibiapaba aos sertões de Santa Quitéria e seu entorno, onde localiza-se Cabaceira, zona rural de Reriutaba, por portugueses e descendentes, dá-se no início do século XVIII com a divisão em especial de duas sesmarias: a de Domingos Ferreira Chaves de 06/12/1718[1] e de Francisco Nunes Frois de Brito de 06/02/1734[2].
É oportuno não nos furtarmos a citação das populações autóctones da região (é sabido que viviam de forma nômade tribos tapuias, principalmente da etnia rerius), possivelmente dizimadas décadas antes pelas ditas guerras bárbaras entre colonos e nativos ou mesmo conflitos intertribais estimulados ou mesmo patrocinados pelo reino. Recentemente alguns trabalhos trazem essa relação direta entre tais conflitos e a divisão em sesmarias como responsáveis para firmação do território do Ceará e também do Piauí. [3]
A sesmaria de Domingos Ferreira Chaves delimita principalmente o que seria hoje Guaraciaba do Norte. Domingos junto de Maria Dias, sua esposa, fixam moradia no sítio Buriti, cuja localização exata se desconhece, mas que está dentro dos limites da sesmaria. O sítio, diante da falta de outros redutos para realização de cerimônias religiosas na primeira metade do século XVIII na região de Campo Grande, é citado em vários registros paroquiais como centro desses acontecimentos[4].
A sesmaria de Francisco Nunes Frois de Brito, possivelmente aponta para a primeira moradia no que hoje é o território de Reriutaba, a Fazenda Caiçara do Juré, de posse do tenente Antonio de Passos Castro, tendo como residente Luíza Ferreira Bezerra e seu esposo, Ventura de Araújo Costa, mãe e padrasto, respectivamente, de Francisco Nunes Frois de Brito, titular da sesmaria e filho natural de Luiza.
F. Sadoc de Araújo, sobre a localização da fazenda, aponta para a localidade de Caiçara no município de Cariré, fato que discordamos e apontamos para a localidade secular de mesmo nome em Reriutaba, à margem do riacho Juré. Dois motivos corroboram para essa sugestão: a terminologia da fazenda que possivelmente se apoia na geografia, Caiçara-Cariré não é cortada pelo riacho Juré, mas Caiçara-Reriutaba, sim; além dos limites territoriais descritos na carta da sesmaria, que não cobrem a região sugerida por Sadoc. Luiza era natural do Rio Grande do Norte e faleceu na fazenda em 1737[5].
Dentre as principais famílias a fixarem-se no território de Cabaceira estão os Furtados, entrelaçados a várias famílias – Ximenes, Melo, Chaves, Medeiros. Foram um dos primeiros a povoar de forma sistemática a região onde hoje é Reriutaba, Varjota e Santa Quitéria (principalmente os seus sertões à margem do rio Acaraú). O primeiro Furtado a estar na região próxima a Cabaceira, embora sem registros que comprovem a fixação no lugar, foi Germano Furtado de Mendonça (1775 – ?), natural de Vila Nova Del Rei, como anuncia seu registro de batismo (à época a região debatida está dentro dos limites da Freguesia da Matriz de São Gonçalo da Serra dos Cocos – atual distrito de Ipueiras, sede da então Vila até 1791). Ele, filho de Manoel Furtado de Mendonça e Teresa Maria de Jesus (casados em 15/01/1775, na igreja do Nossa Senhora do Rosário do Riacho Guimarães, atual Groaíras), tendo como avôs paternos Francisco Xavier da Costa e Maria Lira Paiva e avôs maternos Manuel Dias da Costa (natural de Portugal) e Ana Maria de Lira, com ambos matrimônios realizados na capela de Nossa Senhora da Conceição da Fazenda Caiçara (atual Sobral). É possível, que o próprio Manoel, pai de Germano, e o primeiro desse galho genealógico a trazer Furtado no nome, tenha estado na região de Cabaceira, mas nenhum documento conseguimos para comprovar.
Germano casou-se com Leonarda Maria da Conceição (~1780 – ?), filha do capitão Bernardo Francisco de Oliveira[6] e Ana Francisca Filgueira, também de Vila Nova Del Rei. Germano e Leonarda são pais dentre outros filhos de Prudêncio Furtado de Mendonça (1811 – 1888), político de Santa Quitéria, pai do Coronel João de Mendonça Furtado (1839 – 1908)[7], primeiro presidente da Câmara[8] de Campo Grande (atual Guaraciaba do Norte); Alexandre Furtado de Mendonça (1816 – 1900) e Manoel Furtado de Mendonça (neto) (1820 – ?), ambos a possuírem terras na região nas margens dos riachos Areias e Juré. Grande parte da descendência de Alexandre com Felizarda Francisca de Oliveira, sua esposa, fixa na região da Serra da Ibiapaba, principalmente Ubajara, outra mantém-se na região de Reriutaba, enquanto que do casamento de Manoel com Francisca de Mello e Silva, forma-se grande parte dos descendentes que fixam-se na região de Cabaceira, ao longo dos séculos XIX e XX. Francisca é bisneta de Manoel Madeira Matos[9] e de Francisca de Albuquerque Melo, ele natural de São Bento de Angria – Portugal, ela descendente da família Albuquerque de Pernambuco, a fixar moradia na região de Groaíras, e também bisneta do segundo casamento de Inês de Vasconcelos Uchoa (1703 – 1783)[10].
Século XIX
Dentre os filhos de Manoel Furtado de Mendonça e Francisca Mello e Silva, a fixarem-se na região de Cabaceira deixando maior descendência estão, Manoel Furtado de Mello e Silva (1848 – ?) e José Furtado de Mendonça e Silva (1846 – 1914), que casam respectivamente com as irmãs Felismina Maria dos Anjos[11] e Mariana Maria dos Anjos (1846 – 1887), filhas de Francisca Rodrigues da Cunha e Rita Maria dos Anjos.
Da união de Manuel e Felismina nascem:
- Evaristo Furtado de Mello (1869 – ?)
- Joaquim de Mello e Silva (1871 – ?)
- Antonio Furtado de Mello (1888 – ?) c. c. Izabel Torres de Medeiros (1891 – ?) Trisavós deste autor que vos escreve.
- Francisco Furtado Rodrigues (? – ?) c. c. Raimunda Rodrigues Ferreira (? – ?)
- Maria Furtado dos Anjos (? – ?) c. c. Manoel Gregório de Souza (1885 – ?), descendente dos Martins Chaves das regiões de Ipueiras e Crateús.
- Raimunda Furtado Rodrigues (1881 – ?) c. c. Luiz Furtado de Souza (1880 – ?), também descendente dos Martins Chaves das regiões de Ipueiras e Crateús e neto de Alexandre Furtado de Mendonça.
Da união de José e Mariana nascem:
- João Furtado Rodrigues (1868 – ?) casado duas vezes. Primeiro com Joanna de Melo Chaves (1869 – ?), ela, descendente dos Martins Chaves das regiões de Ipueiras e Crateús. João e Joanna deixam oito filhos. São avós paternos de Airton Furtado Ximenes, empresário da cidade de Reriutaba. O segundo com Maria de Jesus Furtado (1889 – ?), deixando sete filhos, ela também descendente dos Martins Chaves das regiões de Ipueiras e Crateús e neta de Alexandre Furtado de Mendonça.
- Francisco Furtado de Mendonça (1869 – ?)
- Rita Furtado de Mello (1873 – ?) c. c. Manoel de Mello Chaves (1860 – 1923), descendente dos Martins Chaves da região de Ipueiras e Crateús. Trisavós deste autor que vos escreve.
- Peregrino Furtado Rodrigues (1875 – ?) c. c. Maria Candida Lyra (1879 – ?), neta de Alexandre Furtado Mendonça descendente dos Martins Chaves das regiões de Ipueiras e Crateús e do Capitão Bernardo Francisco de Oliveira.
- Antonio Furtado Rodrigues (1879 – ?) c. c. Maria Assumpção do Rego (1907 – ?)
- Manoel Furtado Rodrigues (1880 – ?)
- Cecília Furtado Rodrigues (1883 – ?)
- Maria Furtado do Nascimento (1884 – ?) c. c. João Rodrigues Filho (? – ?), seu sobrinho, filho de João Furtado Rodrigues e Joana de Mello Chaves.
Assim, ao longo do século XIX, grande parte desses galhos genealógicos, que se entrelaçarão ainda mais, alicerçam o que são hoje as localidades mais ao norte da atual sede de Reriutaba, Cabaceira, Vidal e Vitória. Vivendo, em sua grande parte, da agropecuária de subsistência e do comércio extrativista à Serra da Ibiapaba e às localidades ao entorno, comercializando derivados da mandioca, carnaúba e cana de açúcar, e logo mais da manga – que se torna um símbolo do lugar.
Dois grandes acontecimentos de cunho nacional, na década 1870, trazem reflexos incontornáveis à região: a seca de 1877-79 e a alavancada da extração da borracha na Amazônia a partir 1879. Eventos que se comunicam. Apesar de sobre a Grande Seca não haver registros da drasticidade se comparada a outras regiões do estado, foi sim um período de miséria em todo o semiárido do Nordeste, e não estaria essa região, inerte a esses efeitos, o que potencializou uma primeira onda de migração, dentre elas à Amazônia. A Grande Seca por ter sido o primeiro evento de estiagem a possuir repercussão nacional, estimulou a urgência de políticas públicas contra os seus efeitos. Dentre elas, já em 1878, foi aprovada a construção da Estrada de Ferro de Sobral, que mudaria de forma incontornável o lugar, com a firmação da estação Santa Cruz (atual Reriutaba), inaugurada em dezembro de 1893.
Dentre as famílias firmadas em Cabaceira a deixarem uma grande descendência, filhos de Manoel e José, está a união de Antônio Furtado de Mello com Izabel Torres de Medeiros (1891 – ?), filha de Raimundo José de Medeiros e Maria do Carmo da Conceição, estes a fixarem residência na margem esquerda do riacho Juré, já próximo da localidade de Vitória. Subindo, à margem esquerda do riacho das Areias, quase na foz com o riacho Juré, ao se casarem, fixam residência Rita Furtado de Mello e Manoel de Mello Chaves (1860 – 1923), ele filho de Targino do Rego Mello e Anna Francisca Filgueiras Chaves, ambos descendentes dos Martins Chaves da região de Ipueiras e Crateús e do Capitão Bernardo Francisco de Oliveira (? – 1820)[12], já citado anteriormente. Antônio e Izabel são pais de:
- Rosa Furtado de Medeiros (1909 – ?) c. c. Jacinto Alves de Moraes (1898 – ?)
- Joaquina Furtado de Medeiros (1912 – ?) c. c. João Soares Furtado (1910 – ?)
- José Furtado de Medeiros (1917 – 2013) c. c. Maria Furtado de Melo (1916 – 2001). Bisavôs deste autor que vos escreve.
- Francisco Furtado de Medeiros (1919 – 2024) c. c. Maria Melo Lopes (? – ?) Pais de José Antônio Furtado, e avós de Hélio Furtado, comerciantes de Reriutaba.
- Luiza Furtado de Medeiros (1920 – ?) c. c. José Furtado Rodrigues (1914 – ?)
- Águeda Furtado de Medeiros (1923 – ?) c. c. Joaquim Soares Lopes (1919 – 1984)
- Manoel Furtado de Medeiros (? – ?) c. c. Francisca Alves Furtado (? – ?)
- Otília Furtado de Medeiros (1927 – 2024) Solteira.
- Adília Furtado de Medeiros (? – 2016) c. c. Elias Furtado Alves (? – ?)
- Joaquim Furtado de Medeiros (? – ?) c. c. Francisca Melo Lopes (? – ?)
- Raimunda Furtado de Medeiros (? – ?) c. c. Antonio Rodrigues de Mesquita (1916 – ?)
- Raimundo Furtado de Medeiros (1934 – 2014) c. c. Elza Lopes
- Felismina Furtado de Medeiros (? – ?)
- Constância Furtado de Medeiros (? – ?) c. c. Zacarias Soares Lopes
- Maria dos Prazeres Furtado de Medeiros (? – ?) c. c. Manoel Furtado Rodrigues
- Maria Furtado de Medeiros (1922 – 2011) c. c. Raimundo Rodrigues Furtado (1917 – 1990). Fixou moradia na cidade de Guaraciaba do Norte
- Expedita Furtado de Medeiros (? – ?) c. c. Nelson Martins. Fixaram residência em Brasília
- Maria do Carmo Furtado de Medeiros (? – ?)
- Albetiza Furtado de Medeiros (? – ?) Falecida criança aos 11 anos.
- Amélia Furtado de Medeiros (? – ?) Falecida criança com apenas 01 ano.
Manoel e Rita, são pais de:
- Moisés Furtado de Melo (1892 – 1984) casou-se três vezes. Primeiramente com Laurinda Alves de Melo (1894 – 1915), com quem teve um filho, depois com Ana Alves de Melo (1899 – 1931), irmã de Laurinda, com quem deixou dez filhos e por último com Ana Furtado Pereira (1906 – ?) com quem deixou cinco filhos. Moisés ganhou o nome do Grupo Escolar de Cabaceiras “de baixo”, na década de 1980, hoje desativada.
- Targino de Melo Chaves (1893 – 1968) c. c. Maria Furtado de Lyra (1904 – 1982). São avós maternos de Airton Furtado Ximenes, empresário da cidade de Reriutaba.
- José Furtado de Melo (1895 – 1974) c. c. Maria das Neves Lopes (1900 – 1984). Pais de Maria Melo Lopes casada com Francisco Furtado de Medeiros, citados anteriormente. São Bisavós do ex-vereador de Reriutaba, Clerton Furtado.
- Francisco da Chagas Furtado de Melo (1897 – ?)
- Joaquim Furtado de Melo (1898 – 1986) c. c. Luísa Ximenes de Melo (1902 – ?)
- Maria das Dores Furtado de Melo (1900 – ?) c. c. Francisco Veras de Moraes. São pais do ex-vereador de Reriutaba David Furtado de Moraes.
- Paulo Furtado de Melo (1902 – ?) c. c. Ignácia Alves de Medeiros (1903 – ?)
- João Furtado de Melo (1903 – ?) c. c. Joventina Ximenes do Prado
- Isabel Furtado de Melo (1912 – 2006) c. c. Alexandre Furtado Rodrigues (? – 1996), filho de Peregrino Furtado de Mendonça e neto dos irmãos Manoel Furtado de Mendonça e Alexandre Furtado de Mendonça. Alexandre foi um grande comerciante de Reriutaba, e hoje, batiza a principal rua do bairro Santa Cruz Velha em Reriutaba.
- Ana de Jesus Furtado de Melo (1907 – 1993) c. c. Joaquim Ximenes de Prado (1901 – 1984). São pais de Félix Ximenes Furtado, Milton Ximenes Furtado, Antonio Ximenes Furtado, Manoel Ximenes Furtado, comerciantes da cidade de Varjota. Félix, além disso, foi uma grande liderança política da cidade de Varjota.
- Maria da Conceição de Melo (1909 – ?) c. c. seu primo Francisco Chaves de Mello. São pais de Francisco Chaves Furtado (Chaguinha Cabaceira), comerciante de Reriutaba.
- Maria da Glória Furtado de Melo (1910 – ?)
- Pedro Furtado de Melo (1911 – ?) c. c. Francisca Furtado Pereira (? – ?)
- Maria Furtado de Melo (1916 – 2001) c. c. José Furtado de Medeiros (1917 – 2013). Bisavôs deste autor que vos escreve.
- Manoel Paulo Furtado de Melo (? – ?) Fixou moradia no distrito de Campo Lindo em Reriutaba.
- Inácio Furtado de Melo (1917 – 2019) c. c. Maria Risalva Soares Paulino (? – ?). Aos 17 anos foi para o Rio de Janeiro. Fez a vida como bancário.
Século XX
Com a firmação da estação de Santa Cruz[13], em 1893, esta então firma-se como principal polo social e comercial próximo à Cabaceira, emancipando-se em 1923 de Campo Grande (atual Guaraciaba do Norte), tornando-se cidade. Muitos dos já citados, firmam residência ali, outros vão, para onde anos mais tarde, seria o entorno da cidade de Varjota, alguns ainda para a Serra da Ibiapaba, principalmente Guaraciaba do Norte. Grande parte desses dedicam-se ao comércio, sendo pioneiros no ramo em seus respectivos lugares.
A partir da década de 1940 com o fortalecimento da industrialização do país, há uma grande leva migratória para o Sudeste, principalmente advinda do Nordeste, que se intensifica nas décadas seguintes. Em Cabaceira, o auge dessa migração acontece nas décadas de 1970-80, principalmente para o Rio de Janeiro. É nesse período que, também, se potencializa mudanças sociais em todo o país (talvez mundo), pelo processo de globalização, amplificando-se o processo de desruralização dos territórios, que segue de forma brusca até o fim do século XX, fazendo com que praticamente todo o território de Cabaceira, povoado por quase duzentos anos, por descendentes dos Furtados, esteja hoje quase desabitado. Dividida hoje nas denominações Cabaceira de Cima e Cabaceira de Baixo[14], muitos seguiram para Reriutaba, Varjota e muitos a grandes cidades, principalmente do Sudeste.
Cabaceira “de Cima” em contraste com a de “Baixo” segue bastante povoada alicerçando-se cada vez mais como localidade, hoje, inclusive sendo via da CE 445 que liga as cidades de Pacujá à Reriutaba, e com uma vida social e cultural movimentada, com a presença de escolas desde a década de 1970, e com eventos que há décadas animam a região, como os festejos de São Pedro, em junho, e o tradicional carnaval do David Moraes.
OS “CABACEIRA” E DESCENDÊNCIA MARRANA
Desde criança, ouvia de pessoas externas à família, quando dizia ser filho de “cabaceira”, da descendência judaica das famílias que formaram aquela região no interior de Reriutaba. Dentro do círculo familiar, no entanto, em conversas com avós e bisavós, com quem pude ter contato, o assunto nunca entrou em debate, e das poucas vezes que tentei entrar na seara, senti certo receio para que a conversa seguisse. Nessa pesquisa mais a fundo sobre genealogia do lugar, alguns pontos se esclarecem. No entanto, ainda é um tema lotado de suposições, visto a ausência de fontes, principalmente dos primeiros a fixarem moradia na região na primeira metade do século XVIII.
A “invenção” do Furtado
Nos galhos genealógicos abordados, a primeira vez que aparece Furtado é no nome de Manoel Furtado de Mendonça, filho de Francisco Xavier da Costa e Maria de Lira Paiva. O nome de Francisco Xavier da Costa aparece em três documentos que conseguimos ter acesso, o primeiro do casamento de Manoel Furtado de Mendonça e Teresa Maria de Jesus (15/01/1775, na capela de NS do Rosário no Riacho dos Guimarães)[15], e nos registros de batismo de Germano Furtado de Mendonça (Jan/1776, “Campo Grande” da freguesia de São Gonçalo) [16] e de Ana Furtado de Mendonça (29/05/1780, Sobral)[17], filhos de Manoel e Teresa. Nesses documentos não há qualquer menção à ascendência de Francisco Xavier da Costa ou de Teresa Maria de Jesus, nem ao sobrenome Furtado. Daí, de onde viria este?
O sobrenome Furtado de Mendonça não é estranho na região da Ribeira do Acaraú e Ibiapaba, ao longo do século XVIII, pelo contrário, o capitão Antonio Furtado dos Santos (1729 – 1799), natural da Ilha de São Miguel, em Açores, procurador do conselho quando Sobral eleva-se à condição de Vila Real, deixa uma grande descendência com a mesma designação. No entanto, não encontramos qualquer relação com nossos personagens. Uma segunda citação está em Francisco Furtado de Mendonça (1684 – 1750), natural da Ilha da Madeira, fixando residência na ribeira do Acaraú, deixando uma grande descendência que se entrelaça às famílias da região ao longo do século XVIII, mas segundo apuramos, sem nenhuma relação com os galhos aqui apresentados. Uma última citação do sobrenome, está no de Francisco Xavier de Mendonça Furtado (1701 – 1769), irmão do Marquês de Pombal, que foi governador geral do Estado do Grão-Pará e Maranhão de 1751 a 1759 e secretário de Estado da Marinha e do Ultramar entre 1760 e 1769. À época o território do atual oeste cearense, do qual está a Serra da Ibiapaba e a região da “futura” Cabaceira era uma área de litígio com influência tanto do Maranhão como de Pernambuco. Francisco Xavier, falece em Portugal em 1769, em seu testamento, declara-se solteiro, sem nunca haver se casado, e sem quaisquer filhos naturais ou bastardos. O que novamente nos leva a meras suposições. É oportuno trazer, a partir da exposição do último nome, que não é objetivo deste trabalho, garimpar referências ou suposições de uma possível descendência “nobre” ou “real” para este galho genealógico, mas simplesmente expor fatos a partir de fontes encontradas, e na falta delas, diversas hipóteses ou provocações são postas à mesa.
Aceitando a hipótese do nome Furtado como uma invenção, por que este e não outro nome? Qual o motivo dessa invenção? São algumas das questões que possivelmente nunca terão respostas, mas que são provocadoras para uma infinita busca de fontes, que por ora são traduzidas apenas em hipóteses.
A terminologia Furtado de Mendonça é uma das mais antigas partícipes dos círculos de nobreza da península Ibérica, presente desde os idos do reinado de D. Affonso Henriques, primeiro rei português. Seu primeiro registro advém de Fernando Pérez Furtado, ou Hurtado (em espanhol), filho bastardo da Rainha Urraca de Castela com seu amante, o Conde Pedro Gonzáles de Lara. Há, pelo menos, duas versões a explicar tal nomenclatura. Uma diz que Fernando Pérez, por ter sido um filho bastardo, foi “furtado” em grande parte da herança que poderia ter recebido, mas não recebeu de sua mãe, a rainha. Já outra possível explicação, também associada à ilegitimidade de seu nascimento, diz que, devido a essa condição, ele teria sido oculto – ou “furtado” – da vista do público quando criança, tendo sido criado por tutores longe da corte espanhola. Ao longo de toda a história portuguesa, o sobrenome esteve dentro dos círculos da nobreza e aportado em grandes cargos e assim seguiu para as colônias.[18]
Ter um sobrenome de tradição portuguesa encobrindo uma genealogia perseguida por questões políticas de fé, já que na época, estado e igreja se sobrepunham, era um dos recursos para um refúgio inicial. Assim, surge uma das hipóteses sobre a invenção do Furtado, e onde retornamos para a questão do judaísmo.
A partir de trabalhos recentes, como o de Nilton Melo Almeida, Cristãos-novos e seus descendentes no Ceará Grande: a Inquisição nos sertões de fora, vemos a importância dos cristãos-novos para o povoamento do território cearense ao longo do século XVIII, fugindo de perseguições do Tribunal do Santo Ofício (1596 – 1821). Muitas dessas pessoas migram de outras províncias, principalmente de Pernambuco (a mesma província)[19], outras diretamente do “Reino”, ao Ceará, em busca de refúgio, apelidando-se em outros nomes. Muitos descendem de holandeses judeus que após a derrocada da ocupação holandesa em Pernambuco e nos litorais do próprio Ceará, na metade do século XVII, não conseguem retornar à Europa ou seguir para a América do Norte, onde “fazem” Nova York[20], embrenham sertões adentro e alicerçam um pedaço dos interiores do Brasil. No mesmo período, seguem outros acontecimentos da ocupação do/no Ceará no começo do século XVIII, que abaixo apresentamos:
- a repartição das Sesmarias pela Coroa Portuguesa, que promove a ocupação do território ao longo das décadas seguintes, alicerçando a tão celebrada civilização do couro;
- o “fim” das Guerras Bárbaras em 1720, que dizimou quase em sua totalidade o povoamento indígena no território cearense. Nas teses de doutoramento de Rafael Ricarte da Silva, A capitania do Siará Grande nas dinâmicas do império português: política sesmarial, guerra justa e formação de uma elite conquistadora (1679-1720) e de Raimundo Alves de Araújo, A construção do Ceará e dos cearenses no transcorrer do Século XVIII, relacionam de forma direta a divisão das sesmarias e a posterior economia do couro como consequência desses conflitos. Aqui sugerimos, inclusive, a hipótese que alguns de nossos primeiros personagens possam ser alguns desses “vencedores”;
- a “calamidade de Pernambuco” ou como denominou José de Alencar no século XIX, Guerra dos Mascates (1710 – 1711), que deixou inúmeras famílias pernambucanas endividadas, potencializando a migração.
Hoje é sabido que a ribeira do Acaraú (com Sobral ainda em formação) foi uma das regiões do Ceará que mais receberam cristãos-novos. Dentre um dos motivos, a geografia: naquele momento longe dos grandes centros de poder regional, Recife e São Luís, e ao mesmo tempo próxima de regiões amenas em clima (Serra da Meruoca e Ibiapaba) com acesso a dois embarcadouros naturais, Camocim e Acaraú[21]. Cabaceira, ao sopé da Ibiapaba, marcada pelo encontro dos riachos Areias e Juré, a desaguar no Acaraú, corrobora ainda mais com isso. É uma região de várzea, extremamente fértil, e isolada geograficamente por alguns serrotes que a circundam. Excelente para refúgio.
A suposição de descendência cristã-nova em Cabaceira, no entanto não se apoia apenas na correlação temporal dos acontecimentos históricos do Nordeste Oriental no começo do século XVIII, ou da geografia, mas principalmente em um conjunto de observações de práticas culturais derivadas do judaísmo que se estenderam ao longo do povoamento por quase 200 anos. Dentre elas: a endogamia – são incontáveis casos de casamentos dentro da mesma família (primos com primos, tios com sobrinhos), quando não, em um pequeno círculo de famílias do lugar; o tino para atividades comerciais e empresariais – exemplo disso é que grande parte do comércio, principalmente, das cidades de Reriutaba e Varjota nos dias atuais tem descendência “cabaceira”, há registros também em Guaraciaba do Norte, Santa Quitéria e Ipu; e as práticas cotidianas que se espalharam ao tempo – o varrer da moradia sempre de fora pra dentro, os atos pós-velórios, como o esvaziar potes, a troca de roupas após visitas a cemitérios, a morte de animais, com a sangria inicial dedicada ao chão, entre outras ações. Outro ponto, é o fenótipo da população, que devido a endogamia, se manteve quase que inalterada, apoiando a hipótese da descendência batava. É oportuno afirmar que apesar de todas as evidências e suposições apresentadas, não houve qualquer relato ou denúncia de prática de judaísmo pelos seus residentes, fora ou dentro da região, a ordens superiores, o que não refuta nossa abordagem, mas sim apoia nossa crença de que tantas dessas práticas estão apoiadas dentro de um sincretismo cultural que alicerça toda a antropologia desse povo. No entanto, apesar da falta de comprovação de ascendência desse galho genealógico para associá-los como cristãos-novos, como já apresentamos, é importante citar que algumas linhagens a enovelarem-se com estes, como os Chaves, Melos, Ximenes, possuem em seus trilhares, descendência comprovadas dos judeus obrigados a converterem ao cristianismo a partir de 1497 em Portugal, derivando principalmente como linhas de Branca Dias e Diogo Fernandes, condenados pela Inquisição.
Somando-se ao exposto, e vindo como hipótese da chegada dos primeiros moradores à região, inclusive os Furtados, entra em cena um fato histórico incrivelmente pouco dito: o garimpo realizado no riacho Juré no século XIX. Em texto[22] de 1918 para a Revista do Instituto do Ceará, o historiador Euzebio de Souza apresenta diversas informações sobre uma primeira expedição realizada em 1844 liderada pelo Coronel Diogo Lopes de Araújo Salles a trazer, inclusive, mineiros da região das Geraes, para a empreitada que não seguiu, tendo como principal suposição para o fim do projeto, a falta de água perene, necessária ao processo de mineração. Em textos de 1988[23], Aristides Ribeiro e Edmar Bezerra Gomes, personalidades da cidade de Reriutaba, citam o fato, este ligando à prática, segundo a memória popular, a holandeses que estiveram na região, o que nos leva a emaranhar ainda mais todas as possibilidades de motivação histórica para o primeiro povoamento do lugar.
Chegando às últimas linhas dessa abordagem, sei que muitas lacunas seguem a serem preenchidas, e diante desse trabalho creio não pensar qualquer conclusão. Mas fico feliz em iniciar um compilado da história de tantos e tantas que escreveram ao seu modo um pedaço desses sertões ainda com tanto a ser dito.
NOTAS
[1] Limites da Sesmaria de Domingos Ferreira Chaves de 06 de dezembro de 1718: “A sesmaria requerida possuía três léguas de comprimento por duas léguas de largura, uma para cada lado dos olhos de água de Guinoti, os quais tinham suas nascentes no pé da serra da Ibiapaba, seguindo em direção as cabeceiras do riacho Jure, nas cabeceiras do Riachão, as quais confrontavam com as terras de Francisco Pereira Chaves.” In.: http://www.silb.cchla.ufrn.br/sesmaria/CE%200422. Acessado em 28/09/2022.
[2] Limites da Sesmaria de Francisco Nunes Froes Brito de 06 de fevereiro de 1734: “A sesmaria requerida possuía três léguas de comprimento com uma légua de largura, na serra da Ibiapaba. Começava em um lugar chamado Carnaubal e seguia até confrontar com a barra do riacho da Palmeira.” In.: http://www.silb.cchla.ufrn.br/sesmaria/CE%200920. Acessado em 28/09/2022.
Tal sesmaria foi uma solicitação por não uso de terras de parte da Sesmaria de Francisco Pereira Chaves de 14/02/1706, que possuía por limites: “Duas léguas de terra de comprimento e uma légua de largura no riacho Paqueya, o qual nasce no poente, e corre para a nascente do rio Acaraú, que confronta com a serra da Ibiapaba.” In.: http://www.silb.cchla.ufrn.br/sesmaria/CE%200155. Acessado em 28/09/2022.
[3] Ver ARAÚJO, Raimundo Alves de. A construção do Ceará e dos cearenses no transcorrer do século XVIII. Universidade Federal Fluminense. Niterói, 2020; e SILVA, Rafael Ricarte da. A capitania do Siará Grande nas dinâmicas do império português: política sesmarial, guerra justa e formação de uma elite conquistadora (1679-1720). Universidade Federal do Ceará. Fortaleza, 2016.
[4] Ver LIRA, José Luís. De Volta a Campo Grande. Expressão Gráfica e Editora. Fortaleza, 2010. Pag. 44.
[5] Ver ARAÚJO, F. Sadoc de. Cronologia sobralense, v. I. Séculos XVII e XVIII. 2ª ed. Edições ECOA. Fortaleza, 2015. Pags 151, 162-63 e 171-72.
[6] No inventário de Bernardo Francisco de Oliveira é registrado casamentos formais com três mulheres, Leonarda é filha de seu primeiro casamento com Ana Francisca Figueira.
[7] Cel. João Furtado de Mendonça casou-se com Joana Furtado Farias, tia paterna de Delmiro Gouveia. Ver em LIRA, José Luis. De volta a Campo Grande. Expressão Gráfica e Editora. Fortaleza, 2010. Pag 66.
[8] À época o cargo de presidente da Câmara correspondia ao maior cargo político local, o que hoje, seria equivalente a prefeito.
[9] Segundo Fortunato Alves Linhares, Manoel Madeira Matos, encoberto em pseudônimo, seria na verdade José Policarpo de Azevedo Távora, acusado de atentado contra D. José I, Rei de Portugal. Perseguido, apelidou-se Madeira, emigrando inicialmente para a África, depois para o Brasil, onde se fixara no Piauí e finalmente no Riacho dos Guimarães. Apud. ALMEIDA, Nilton Melo. Cristãos-novos e seus descendentes no Ceará Grande: a Inquisição nos sertões de fora. Universidade Nova Lisboa. Lisboa, 2016. Pag 184.
[10] Inês de Vasconcelos Uchoa, natural de Pernambuco, de seu primeiro casamento, é mãe do capitão-mor de Sobral, José de Xerez Furna Uchoa (1722 – 1797). Ver ARAÚJO, F. Sadoc de. Cronologia sobralense, v. I. Séculos XVII e XVIII. 2ª ed. Edições ECOA. Fortaleza, 2015. Pag 416.
[11] Manoel Furtado de Mello e Silva casa-se uma segunda vez, com Maria Joaquina do Nascimento, deixando dois filhos com esta.
[12] Targino do Rego Mello é neto de Bernardo Francisco de Oliveira, de sua união com Ana Luiza Lira Pessoa, e Anna Francisca Filgueiras Chaves é bisneta de Bernardo, de sua união com Anna Francisca Filgueira.
[13] Santa Cruz passa a ser denominada Reriutaba, pelo decreto de nº 1.114, de 30 de dezembro de 1943. Reriutaba, do tupi, significa lugar (-taba) dos reriús ou areriús (nativos de descendência tapuia a viver possivelmente na região).
[14] A região da Cabaceira de Baixo que vai desde a foz do riacho das Areias no encontro com o riacho Juré até a localidade de Vitória, foi a região povoada pelos Furtados, hoje, quase desabitada.
[15] Casamento de Manoel Furtado de Mendonça com Teresa Maria de Jesus/Livro de matrimônios da igreja de Nossa Senhora da Conceição, Sobral – 1769 jan/1782 ago, imagem 122. In. https://familysearch.org/ark:/61903/3:1:33S7-9BC2-VS5?cc=2175764&wc=MHNQ-VNL%3A369860801%2C369860802%2C371127401
[16] Batismo de Germano, filha de Manoel Furtado de Mendonça e Teresa Maria de Jesus/Livro de batismo de Nossa Senhora da Conceição, Sobral – 1772 ago/1777 Set, imagem 243. In https://familysearch.org/ark:/61903/3:1:33SQ-GBC2-K6R?cc=2175764&wc=MHNS-Q29%3A369860801%2C369860802%2C369927301
[17] Batismo de Ana, filha de Manoel Furtado de Mendonça e Teresa Maria de Jesus/Livro de batismo de Nossa Senhora da Conceição, Sobral – 1777 Out/1783 Jul, imagem 176. In https://familysearch.org/ark:/61903/3:1:33S7-8BC2-VX1?cc=2175764&wc=MHNS-CM9%3A369860801%2C369860802%2C369968301
[18] Ver SOVERAL, Manuel Abranches Soveral e MENDONÇA, Manoel Lamas. Os Furtado de Mendonça portugueses. Ensaio sobre a sua verdadeira origem. Greca Artes Gráfica, 2004.
[19] O Ceará torna-se uma província independente apenas em 1799.
[20] Ler LIRA NETO. Arrancados da Terra: Perseguidos pela Inquisição na Península Ibérica, refugiaram-se na Holanda, ocuparam o Brasil e fizeram Nova York. Companhia das Letras. São Paulo, 2021.
[21] Ver ALMEIDA, Nilton Melo. Cristãos-novos e seus descendentes no Ceará Grande: a Inquisição nos sertões de fora. Universidade Nova Lisboa. Lisboa, 2016. Pag. 189.
[22] SOUZA, Euzebio de. As minas do Ipú. Revista do Instituto do Ceará, Fortaleza, 1918. In https://www.institutodoceara.org.br/revista/Rev-apresentacao/RevPorAno/1918/1918-AsMinasdoIpu.pdf
[23] Ver FROTA, Silvana. Reriutaba, ontem e hoje. Expressão Gráfica e Editora. Fortaleza, 2003. Pags. 271-274 e 279-281
FONTES
CRONOLOGIAS E GENEALOGIAS
- ARAÚJO, F. Sadoc de. Cronologia sobralense, v. I. Séculos XVII e XVIII. 2ª ed. Edições ECOA. Fortaleza, 2015.
- ARAÚJO, F. Sadoc de. Cronologia sobralense, v. II. 1800 – 1840. 2ª ed. Edições ECOA. Fortaleza, 2015.
- ARAÚJO, F. Sadoc de. Cronologia sobralense, v. III. 1841-1880. 2ª ed. Edições ECOA. Fortaleza, 2015.
- ARAÚJO, F. Sadoc de. Cronologia sobralense, v. IV. 1881-1910. 2ª ed. Edições ECOA. Fortaleza, 2015.
- ARAÚJO, F. Sadoc de. Cronologia sobralense, v. V. 1911-1950. 2ª ed. Edições ECOA. Fortaleza, 2015.
- LIRA, José Luís. De Volta a Campo Grande. Expressão Gráfica e Editora. Fortaleza, 2010.
- FROTA, Silvana. Reriutaba, ontem e hoje. Expressão Gráfica e Editora. Fortaleza, 2003.
- SOVERAL, Manuel Abranches Soveral e MENDONÇA, Manoel Lamas. Os Furtado de Mendonça portugueses. Ensaio sobre a sua verdadeira origem. Greca Artes Gráfica, 2004.
ARTIGOS, DISSERTAÇÕES E TESES
- ALMEIDA, Nilton Melo. Cristãos-novos e seus descendentes no Ceará Grande: a Inquisição nos sertões de fora. Universidade Nova Lisboa. Lisboa, 2016.
- ARAÚJO, Raimundo Alves de. A construção do Ceará e dos cearenses no transcorrer do século XVIII. Universidade Federal Fluminense. Niterói, 2020.
- SILVA, Rafael Ricarte da. A capitania do Siará Grande nas dinâmicas do império português: política sesmarial, guerra justa e formação de uma elite conquistadora (1679-1720). Universidade Federal do Ceará. Fortaleza, 2016.
- PONTES, Lana Mary Veloso de. Formação do território e evolução político-administrativa do Ceará: A questão dos limites municipais. Instituto de Pesquisa e Estratégia Económica do Ceará (IPECE). Fortaleza, 2010.
- MESQUITA, Maria Malena Paiva e SOUZA, Raimundo Nonato Rodrigues de. Ocupação e distribuição de sesmarias nos rios Groaíras, Jacurutu e Macaco no século XVIII. Anais do XVI Encontro estadual de história do Ceará – História pública e democracia, pgs 381-391. Universidade Federal do Ceará. Fortaleza, 2018.
- LINHARES, Manoel do N. Alves. Traços biográficos do capitão-mor José de Xerez Furna Uchoa: o introdutor do café no Ceará. Revista do Instituto do Ceará, tomo XV. Fortaleza, 1901, p. 71.
- LEAL, Vinícius Barros Leal. Os cristãos-novos na formação da família cearense. Revista do Instituto do Ceará, Fortaleza, 1975. In https://www.institutodoceara.org.br/revista/Rev-apresentacao/RevPorAno/1975/1975-CristaosNovosFormacaoFamiliaCearense.pdf
- SANTOS, Fabiano Vilaça dos. O testamento de Francisco Xavier de Mendonça Furtado e a sucessão do Marquês de Pombal. Revista IHGB, Rio de Janeiro, a. 173(455): 267-270, abr./jun. 2012
- LIMA, Candido Pinheiro Koren de. Origem Judaica das Famílias Cearense. Revista do Instituto do Ceará, Fortaleza, 2010. In https://www.institutodoceara.org.br/revista/Rev-apresentacao/RevPorAno/2010/01_artigos/2010-10-origemjudaicafamiliascearenses.pdf
- MOTT, Luis. Inquisição no Ceará. Revista de Ciências Sociais, volumes 16/17, n. 1 e 2. Fortaleza, 1985/86.
- SOUZA, Euzebio de. As minas do Ipú. Revista do Instituto do Ceará, Fortaleza, 1918. In https://www.institutodoceara.org.br/revista/Rev-apresentacao/RevPorAno/1918/1918-AsMinasdoIpu.pdf
JORNAIS
- O Povo. Caderno Inquisição – No rastro dos amaldiçoados. ANO LXXXIII, N.º 27.392. Fortaleza, 23/5/2010.
- O Povo. Caderno Inquisição – No rastro dos amaldiçoados. ANO LXXXIII, N.º 27.419. Fortaleza, 19/6/2010.
- O Povo. Caderno Inquisição – No rastro dos amaldiçoados. ANO LXXXIII, N.º 27.444. Fortaleza, 14/7/2010.
SITES
- Family Search (https://www.familysearch.org)
- Plataforma Sesmarias do Império Luso Brasileiro (http://www.silb.cchla.ufrn.br)
- IPECE (http://www.ipece.ce.gov.br)
OUTROS
- LIRA NETO. Arrancados da Terra: Perseguidos pela Inquisição na Península Ibérica, refugiaram-se na Holanda, ocuparam o Brasil e fizeram Nova York. Companhia das Letras. São Paulo, 2021.
- VIANA, Mailson Furtado. à cidade. Ed do autor. Fortaleza, 2017.