O Dia
Em uma noite insone, o dia segue ou mesmo começa, e em um só folego, é dito ao seu avesso. Tecido num fluxo de consciência, o poema O DIA é enovelado entre idas e vindas e pautado em uma única coordenada – o tempo, e contada numa travessia áspera de uma noite insone: uma odisseia. De forma fragmentada se constrói num emaranhado de vozes que vão se desfolhando em cenas e dizeres a traduzir a angústia humana guardada à carne destes dias. Seguindo experiências e pesquisas linguísticas híbridas que transpassam a fronteira do verso, chegando à dramaturgia ou mesmo a linguagem das artes visuais, ao adentrar na psique para dizer do EU, que seja provocá-lo, a partir dele mesmo – o eu-lírico personagem, e soma-se a outros experimentos como a fragmentação de vozes, junto ao fluxo de consciência, tomando por referências obras de TS Eliot, Clarice Lispector, Alejandra Pizarnik, Byung-Chul Han e Samuel Beckett.
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Não sei meu CEPDescrição do produto
Em O dia, saímos da cidade de Furtado para uma casa onde — apesar do caminho sugerido pelo título — é noite; “e/ toda a vida cabe/ nesta noite”. O “poema em ato único” tece as horas insones, prensadas entre um dia que não vai embora e outro que não quer chegar. Não há amanhã, não há mundo, não há tempo: tudo que existe é a noite ao longo da qual o poeta enfrenta suas tantas inquietações a respeito da vida — do que ela se tornou nestes dias que não nos deixam dormir — e o monólogo que dá a elas como resposta, com a velocidade e a clareza características de sua poesia.
Esta é uma obra de um poeta maduro, muito consciente do que pretende tocar e revelar com seus versos. Nas palavras de Micheliny Verunschk, que assina o texto de orelha, temos “a construção de certa poética da insônia, esta que, na obra de Furtado, se desfia em um tecido político que fala ao tempo que nos coube viver”. Rasgando esse tempo, sob o céu de sol escaldante ou recolhido, um poeta como Mailson Furtado consegue fazer com que as palavras brilhem e iluminem a vida até mesmo sob as sombras mais pesadas.