Em O dia, saímos da cidade de Furtado para uma casa onde — apesar do caminho sugerido pelo título — é noite; “e/ toda a vida cabe/ nesta noite”. O “poema em ato único” tece as horas insones, prensadas entre um dia que não vai embora e outro que não quer chegar. Não há amanhã, não há mundo, não há tempo: tudo que existe é a noite ao longo da qual o poeta enfrenta suas tantas inquietações a respeito da vida — do que ela se tornou nestes dias que não nos deixam dormir — e o monólogo que dá a elas como resposta, com a velocidade e a clareza características de sua poesia.

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